sábado, junho 30, 2007

Patrick Carvalhal.

Às 14:06, a secretária levantou-se acompanhada de seu corpete azul royal para mediunicamente pronunciar nome e sobrenome de Patrick Caravalhal, que precedeu a caminhada até o interior do escritório de um breve estiramento espreguiçatório dos braços; prontamente censurado pela secretária através da repetição, agora mais enfática, das palavras "Patrick Carvalhal". Dentro da sala não havia ninguém além das cadeiras e da mesa redonda apertada ageometricamente contra uma quina da parede. O Sr. Couto o fez sentar-se e acomodou-se soltando abruptamente todos os botões do paletó. Patrick julgou que seria conveniente fazer o mesmo, mas os soltou com menor estardalhaço. Aparentemente estavam precisando de alguém capaz de realizar qualquer tipo de gestão de processos, que Patrick inferiu ser apenas a aplicação de algum bom-senso sobre as práticas já correntes na cultura daquela empresa. Como sempre, enredou uma bastante pasteurizada narrativa, que trazia a sua memória os cavalos protagonistas de filmes antigos e o mecanismo peculiar que os fazia mover os lábios. Assim como os espectadores dos filmes de cavalos falantes, o Sr. Couto mantinha-se voluntariamente a parte do dedo que o contra-regra enfiava no cu do cavalo para que este emprestasse de maneira fidedigna sua expressão facial à voz do dublador.